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Entrevistando ... Liliana Oliveira


Quem é a Liliana?


LO: Sou a Liliana Oliveira, tenho 37 anos, sou natural de Espanha e portuguesa, vivo em Lisboa, sou assistente de bordo, sou mãe e sou atleta IFBB Bikini Fitness.


Com que idade começaste no ginásio?


LO: Sempre fiz desporto, na infância, na escola, e, mais tarde, entre os 20 e os 30 anos, era muito dedicada a aulas de grupo, eram uma paixão pelo convívio, pelo espírito de grupo que se vivia e pelo relaxamento que conseguia tirar daquelas atividades. Comecei a fazer musculação com 31 anos, portanto há 6 anos precisamente.


O que te levou, principalmente, a investir no teu corpo?


LO: Muitos anos de atividades de grupo fizeram-me feliz em determinadas áreas, como as sociais e mesmo as físicas e psicológicas, no entanto não estava contente com os resultados obtidos. Após os 30 anos, comecei a sentir também algumas diferenças no meu metabolismo e no gosto pelo fitness, comecei a acompanhar atletas e modelos de fitness e o seu trabalho neste desporto. Percebi que era possível ter o corpo que desejava e que tinha de partir de mim fazer algo para mudar e conquistar a forma física que admirava. Sentia-me saudável, mas não me sentia em forma! Queria estar em forma e olhar-me ao espelho e identificar-me com a Liliana que era como pessoa. Correr atrás dos meus objetivos como nas restantes áreas da minha vida.

A tua família colocou-te, de início, algum entrave no que toca a esse estilo de vida?


LO: Houve uma fase em que talvez não fosse compreendida, e podemos nesta área ser até mal compreendidas. Para quem não tem os mesmos hábitos de vida e não entende esta paixão e este desporto, pode parecer que somos algo fúteis e obcecados. No entanto, ao longo do tempo, quem nos acompanha acaba por perceber que realmente é importante para nós e quem nos ama acaba por estar do nosso lado. Tal como quem ambiciona uma determinada posição na sua carreira, algum objetivo material na vida, também este foco deve ser entendido como uma ambição pessoal e que nos traz sentimento de realização, tão respeitável como qualquer outro.


Consideras a manutenção de uma dieta regrada a principal causa para a desistência da maioria das pessoas?


LO: Não. Considero que a constante procura de desculpas para não ser forte e focado, é o principal motivo para a desistência. É a própria mente, as mentiras e desculpas que damos a nós próprios que nos travam e fazem desistir. A frase que oiço mais vezes é “Quem me dera ter a tua força de vontade!”. E é a frase que mais me revolta, porque quando queremos de facto algo na vida, seja o que for, todos encontramos e temos essa força dentro de nós. Não sou mais nem melhor que ninguém. É uma questão de foco e disciplina, de querer muito.


Tens referências/ídolos no meio? Quais?


LO: Tenho muitas referências no meio, não só atletas bikini fitness, como mães de família, amigas, pessoas “normais”! Dentro das atletas que me inspiram encontram-se atletas que foram das primeiras referências mundiais nesta área, como a grande Nathalia Melo ou Amanda Latona, a referências mais recentes como Ashley Horner, La Paulette, Naiara Schubert, Marcia Gonçalves, Saskia Cakoci, Olivia Pohankova, Oksana Brygidyr, Nicole Wilkins, entre muitas outras. Não gosto de referir nomes porque cada pessoa, ao seu jeito, me inspira diariamente e porque existem personalidades e corpos fantásticos cada um no seu estilo. Eu tanto admiro corpos magros e fit, como corpos grandes e musculados, é o trabalho que está por trás desse corpo, é a força de cada atleta/pessoa que me inspira e que é uma referência para mim. Temos muito a aprender uns com os outros, seja qual o posto que ocupamos.

Qual foi o teu peso máximo?


LO: Não gosto de falar em peso porque o peso é muito relativo e sinceramente não é sempre sinónimo de ganhos musculares ou de gordura! Posso até dizer que nas minhas preparações ligo pouco ao peso e tento-me concentrar apenas no que vejo no espelho, no sentir o meu corpo, na comparação das fotos e sua progressão… Nas últimas semanas antes de subir ao palco quase nem me peso porque esse não é o meu foco. Mas o meu peso mais alto foi na gravidez, 59 quilogramas. Sigo uma filosofia e técnica muito pessoal. Não gosto de oscilações grandes de peso, por questões de saúde e porque fazendo muitas competições durante o ano, torna-se mais fácil se procurar manter mais ou menos o peso e forma física. Tento oscilar apenas 3-5 quilogramas de off season para on season. Em off, como neste momento, peso cerca de 55 quilogramas.


Por que motivo decidiste competir? Quando te estreaste, em que competição e que resultado atingiste?


LO: Decidi competir apenas como algo muito pessoal. Um desafio às minhas limitações, ao meu corpo, à minha mente e queria testar até onde conseguia levar o meu corpo e forma física e o que conseguiria evoluir com alimentação e treino. Estreei-me no IFBB no Campeonato Nacional de 2014 em Santo Tirso e alcancei um 4º lugar na minha categoria.


Qual o grupo muscular que preferes treinar?


LO: É sempre difícil responder a esta questão. Adoro treinar glúteo porque é um dos pontos que sinto que na minha categoria temos sempre de procurar melhorar, adoro treinar ombro porque gosto de sentir e ver os resultados neste músculo, adoro treinar costas porque é o meu músculo mais forte e o que mais depressa me dá resultados. Será mais fácil perguntar-me o que não gosto de treinar, e não gosto de treinar abdominal, triceps, nem de fazer cardio.

Socialmente, ainda existem muitas pessoas que não apreciam, esteticamente, uma mulher muito definida/musculada. Achas que é inveja?


LO: Não penso que seja inveja. Penso que seja mais preconceito ou rótulos que se colocam por desconhecimento e porque este desporto ainda não é muito falado nem muito divulgado em Portugal. É também uma questão cultural. Sendo assistente de bordo verifico que lá fora, no estrangeiro, a ideia de uma mulher mais definida e muscular já é mais vulgar e mais aceite do que cá, no entanto é algo que com tempo, dedicação, divulgação, irá mudar devagar. Alguns anos atrás, as mulheres eram formosas e com muitas curvas, hoje em dia magras demais, talvez um dia haverá espaço para que um corpo atleta e fit ocupe o seu espaço na sociedade.

Em termos gerais, no que toca à dieta, qual costuma ser a refeição que mais costumas repetir/a que mais gostas?


LO: Frango grelhado com batata doce e abacate, um pouco de azeite! Posso comer isso a toda a hora e não enjoo.


Quando te olhas ao espelho, vês algum ponto fraco? Qual?


LO: Vemos sempre pontos fracos, este desporto trata-se mesmo de tentar sempre melhorar e evoluir, é um trabalho estético, ao pormenor. Todos temos geneticamente o nosso ponto fraco, o truque é tentar disfarçá-lo, tentar trabalhar nele até ser um ponto forte. Não há ninguém perfeito, ninguém tem tudo, quem parece ter tudo trabalhou muito nos seus pontos fracos para encontrar o equilíbrio. E o tamanho não é tudo, uma simetria do corpo é preferível ao tamanho.

És a favor da uma dieta restrita ou de uma dieta flexível. Porquê?


LO: Comigo resulta a dieta restrita. É mais fácil de manter o foco para mim. Numa dieta flexível habituo-me a tudo e a nada, não tenho a mesma disciplina e é mais fácil errar. Para além de que acredito que uma dieta mais restrita, e com isto não falo de dietas doidas, falo de disciplina e ingredientes que resultam, permite-nos mais resultados e mais eficazes, mais duradouros, mais qualidade de pele e textura, mais saúde. Mas é a minha opinião e o que funciona comigo!

Qual a tua opinião acerca do “zero carbo"?


LO: Eu utilizo normalmente uma dieta cíclica, em que faço o ciclo de hidratos de carbono durante a semana. Dia alto, dia médio, dia baixo, dia zero… e só nesse sentido para mim entra o zero carbo! Não consigo viver sem hidratos como rotina, no entanto cada caso é um caso.

Tens também um site/blog com o nome “Fitness, Feelings e Pó de arroz”. Qual a razão do nome?


LO: O blog surgiu numa altura da minha vida em que queria falar não só de fitness, mas de todo o mundo das mulheres e de sentimentos, emoções, medos, experiências de vida, desabafos. Por isso o nome. Acabou por se concentrar mais na parte do Fitness e Feelings porque sinto que é o que as pessoas mais procuram e me escrevem sobre. Espero este ano ter mais tempo para dedicar ao blog com mais e novos artigos e posts cativantes.


Qual o teu sonho em termos profissionais/competitivos?


LO: Há objetivos e sonhos muito pessoais que desejamos e devemos manter apenas para nós próprios. O que posso dizer é que quero chegar à minha melhor forma, continuar a inspirar outras mulheres de que tudo é possível, que temos uma grande força dentro de nós e que podemos ser amigas, parceiras, mães, irmãs, filhas, mulheres, profissionais, atletas, tudo ao mesmo tempo e sermos realizadas e felizes. É apenas uma questão de não querer ser perfeita, de nos respeitarmos a nós e ao nosso tempo e vontades, de não nos anularmos e de organização e disciplina. Quanto às competições? Espero que a vida me dê a oportunidade de continuar a competir internacionalmente e que o meu nome chegue além fronteiras como uma atleta que ama o que faz e procura melhorar a cada fase nova, a cada competição.

Se quiseres deixar uma mensagem ao projeto 4POWERFIT.


Obrigada pela oportunidade de dar a conhecer um pouco mais de nós entrevistados e do nosso mundo interior, pela divulgação desta paixão e continue o excelente trabalho.

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