Ómega 3, um bom aliado?
Ao longo dos últimos tempos, temos sido "bombardeados" por várias vozes defendendo o ómega 3 de forma acérrima. Mas... será o ómega 3 assim tão benéfico para a nossa saúde? Será a sua suplementação um bom investimento? Veremos então!
O ómega 3 é um ácido gordo (constituinte das gorduras) polinsaturado e que não é produzido pelo nosso organismo, tendo, por isso, de ser obtido através da nossa dieta.
Existem diferentes tipos de ómega 3. Os mais conhecidos são o ácido docosahexacnóico (DHA) e o ácido eicosapentanóico (EPA), ambos provenientes de fontes animais, e ainda o ácido alfa-linolénico (ALA), sendo que este provém essencialmente de fontes vegetais e pode ser convertido pelo nosso organismo nos dois anteriormente mencionados.
Assim sendo, peixes gordos, como o salmão, o atum, a sardinha, óleo de fígado de bacalhau, óleos de canola e de linhaça, nozes, sementes de chia e azeite são algumas das possíveis fontes naturais de ómega 3, sendo que já é possível obtê-lo através de suplementos alimentares, nomeadamente através das famosas cápsulas gelatinosas.
Ora bem, o crescente interesse pelo estudo das propriedades do ómega 3 surgiu com um estudo efetuado em esquimós da Gronelândia, a partir da década de 60. Basicamente, foi verificado que, apesar de efetuarem uma dieta rica em gorduras, existia uma incidência baixíssima de problemas cardiovasculares, quando comparados com os europeus, que também possuíam uma dieta rica em gorduras, o que causou curiosidade. Para além disso, apresentavam maior tempo de sangramento e menor concentração de lípidos e lipoproteínas no plasma. Na realidade, o que se passava era que enquanto a gordura ingerida pelos esquimós provinha dos peixes (rica em ácidos gordos polinsaturados), a alimentação europeia era demasiadamente rica em ácidos gordos saturados e carente de ácidos gordos polinsaturados. Ou seja, começou a associar-se um consumo regular de ómega 3 a uma boa saúde cardiovascular.
No entanto, em 2002, surgiu um estudo da autoria de Angerer e seus colaboradores, no qual foram utilizadas 223 pessoas com doença coronária, as quais ingeriram 1,6 g diárias de ómega 3 durante um período de 2 anos. Os resultados acabaram por mostrar que não houve qualquer efeito, ou seja, não existiu diminuição da progressão da doença.
A verdade é que muitos outros estudos surgiram e mais benefícios foram revelados. Em 2004, Perona e seus colaboradores realizaram uma experiência com 2 grupos de idosos. Um grupo, durante 4 semanas, adotou o azeite como elemento da dieta, enquanto o outro grupo adotou o óleo de girassol. Os resultados foram claros. Houve uma notória diminuição da pressão arterial no primeiro grupo, o que não ocorreu no segundo.
Outros estudos demonstraram que os ácidos gordos agem também como anti-inflamatórios, condicionando o surgimento de diversas doenças. Para além disso, no que toca aos desportistas, o ómega 3 parece auxiliar bastante no processo de recuperação, sendo que as suas propriedades anti-inflamatórias promovem a regeneração das fibras musculares lesadas no treino, o que permite um índice de recuperação mais eficiente.
Controlando a pressão arterial e reduzindo a composição lipídica no plasma, auxilia na prevenção da acumulação de placas ateroscleróticas nos vasos sanguíneos, diminuindo o risco, por exemplo, de acidentes vasculares cerebrais.
O seu consumo reduz ainda a formação de fatores de agregação plaquetária, promovendo a fluidez circulatória e prevenindo a formação de coágulos, minimizando a ocorrência, de, por exemplo, ataques cardíacos. O facto de promover uma boa fluidez sanguínea faz também com que o fluxo respiratório se processe de forma melhorada, fator de extrema importância para os desportistas, na medida que contribui para uma maior produção de energia e, deste modo, melhora a performance.
Para além do até agora referido, o ómega 3 é também responsável pela manutenção da fluidez membranar, facilitando a correta comunicação entre as células nervosas cerebrais, estimulando o bom funcionamento cerebral. Aliás, em 2011, na Holanda, foi realizado um estudo pelos senhores Carlijn R. Hooijmansa, Pieternel C.M. Pasker-de Jongb, Rob B.M. de Vriesa e Merel Ritskes-Hoitinga que media os efeitos da suplementação de ómega 3 no domínio cognitivo e na patologia de Alzheimer em animais, tendo sido verificada a redução da desposição de placas B-amilóides no cérebro, indiciando que o ómega 3 pode também prevenir doenças neurodegenerativas e atenuar os sintomas da depressão.
O ómega 3 diminui também o stress articular e fortalece o sistema imunitário.
Concluindo, o ómega 3 é um elemento bastante estudado e cujas evidências científicas apontam, maioritariamente, para benefícios comprovados. No entanto, é bom lembrar que cada pessoa é única e, como tal, é recomendável que cada uma fale com o seu médico antes de decidir tomar. Chamo também a atenção para as pessoas que se encontram a fazer medicação anti-coagulante ou a usar analgésicos anti-inflamatórios, a quem não é recomendada a toma. Tirando este tipo de exceções, o ómega 3 deve, sem dúvida, ter um lugar de destaque na nossa dieta, podendo tornar-se um ótimo aliado.
Fontes utilizadas:
http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/viewFile/272/252
http://www.dietmed.pt/images/boletins/boletimpt_38.pdf
http://www.mdsaude.com/2015/01/omega-3.html
http://content.iospress.com/download/journal-of-alzheimers-disease/jad111217?id=journal-of-alzheimers-disease%2Fjad111217
http://www.anutricionista.com/seu-medico-receitou-omega-3-mas-qual-comprar.html